Buscando compreender como a “autogestão da carreira” se aplicaria ao contexto brasileiro, Hélio Tadeu Martins (que lançou o livro Gestão de Carreiras na Era do Conhecimento, sobre esse assunto, em 2001) realizou uma pesquisa com profissionais que cursavam pós-graduação lato sensu na FGV Management, em turmas selecionadas aleatoriamente nas diferentes regiões do País. O autor tomou como modelo a pesquisa que Edgard Schein realizou com 44 alunos de MBA da Sloan School of Management e a pesquisa de John P. Kotter com 115 alunos de MBA de Harvard.
Com base nos dados colhidos, Martins concluiu que, do ponto de vista das empresas, na prática, as organizações brasileiras “apresentam alguns indícios de adequação ao novo contrato. Contudo, ainda haveria muito trabalho a ser feito nas políticas e ações de recursos humanos relativas à gestão de carreiras, especialmente quanto às estruturas de carreira, à disponibilização de recursos e informações, e ao uso da avaliação de desempenho como parte desse processo”.
Do ponto de vista do profissional pesquisado, Martins apresenta dados indicativos no discurso dos entrevistados de que cada profissional já está consciente de sua responsabilidade pessoal por gerir sua própria carreira, bem como está a par dos novos critérios da carreira voltada para a satisfação pessoal e para o equilíbrio entre carreira e vida pessoal. Esse é um profissional que valoriza o autoconhecimento, percebe a importância do conhecimento do ambiente de carreira e das escolhas de carreira baseadas em referenciais próprios, vive um significativo número de mudanças de emprego e de redefinições de carreira, e é proativo no autodesenvolvimento e na avaliação da carreira. Ou seja, o modelo de autogestão de carreira já foi absorvido no Brasil.
(O próprio pesquisador observou, entretanto, que esses são os indícios presentes no “discurso”. Não é possível afirmar que a maioria desses profissionais já tenha, efetivamente, um comportamento que indique isso. “Somente com a utilização de um método de pesquisa como o etnográfico seria possível a verificação e confirmação desse comportamento pela observação direta.”)
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